terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Baseado em fatos reais


“- Minha senhora, não sabe que todo filme de amor acaba em beijo?
- Eu sei. Mas já acendeu a luz do cinema e agora vai começar a minha vida.”

Este diálogo apareceu no filme brasileiro Lisbela e o Prisioneiro, mas no nosso caso, a luz do cinema sempre esteve acesa. Vivemos num mundo real, concreto e, nem sempre, com final feliz. Quando o filme acaba, nós, pobres mortais, vamos para casa um pouco mais esperançosos ou, o mais provável, um pouco mais deprimidos. E não é que neste mês saiu uma pesquisa dizendo que comédias românticas prejudicam a vida afetiva?! A primeira coisa que me veio à cabeça foi: “mas isso eu já sabia”.

Pensa comigo... Qual mulher nunca sentiu uma pontinha de inveja da Lucy (Drew Barrymore) por ser conquistada todos os dias em Como se fosse a primeira vez?! Ou sonhou encontrar a alma gêmea na internet, como em Mensagem para você? Ou ainda receber uma declaração de amor, acompanhada de buquê de flores e subida perigosa pela escada de incêndio como em Uma linda mulher? Talvez uma serenata com guitarra mal tocada ao som de Bom Jovi, que nem era o seu favorito, mas que ele aprendeu só por sua causa?! E claro que não pode faltar a foto dos dois abraçadinhos, pelados sob a luz do luar, como em De repente é amor?

Os exemplos são para todos os gostos e as declarações desses longas metragens colocam todas as cartas de namorados, maridos, paqueras, etc, no chinelo. Por que será que os homens dos filmes são tão mais sensíveis e apaixonados? E por que os da vida real são tão fechados e ainda olham para mulheres bonitas na rua enquanto a gente está distraída?! Mesmo sabendo que ficção é ficção, fica difícil não comparar. É por isso que a pesquisa faz sentido.

Tudo bem que a função do cinema pode ser exatamente servir como elemento de fantasia, para experimentar uma nova realidade, mas estabelecer parâmetros com base nesse mundo imaginário é perda de tempo e ainda faz a gente correr o risco de deixar passar muitas cenas legais do melhor filme do momento: o da vida real. Então o melhor a fazer é deixar a fita rodar, colocar a trilha sonora, esquecer o roteiro clichê e improvisar o protagonista. Esse filme a gente não pode perder.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

"Seduza e destrua"

Tom Cruise no filme Magnólia: "seduce and destroy"


Eu demorei para escrever este texto, mas parece que o tempo serviu para me dar mais exemplos. É mera coincidência ou está na moda os ex-namorados (ou pretendentes não correspondidos) se revoltarem contra as mulheres e agirem contra a integridade física, moral e emocional delas?

O caso explícito mais recente é o do "ex" que sequestrou uma garota de 15 anos em Santo André (SP) e ainda não houve desfecho para o problema. A reivindicação: que ela volte a namorá-lo!!! Claaarooo, que mal há em voltar a namorar o rapaz que apontou uma arma para sua cabeça?! Se não fosse trágico seria cômico.

Até agora eu não entendo como uma atitude dessas poderia ajudá-lo a reatar o namoro que ele mesmo terminou e, um mês depois, se arrependeu. Quando tentou reatar o relacionamento, recebeu um NÃO, perdeu a cabeça, e está prestes a perder muito mais coisas.

Pouco tempo atrás, o caso foi logo ali na Faculdade de Letras da UFMG. Um cadeirante atirou contra uma ex-professora dele (pela qual ele estaria apaixonado) e logo depois se matou. A moça não teve ferimentos no corpo, mas é muito provável que a alma tenha sido fortemente machucada.

Infelizmente não são todos os casos em que a mulher sai ilesa. Lembro do caso em que o ex-namorado matou a "amada" a tiros e as imagens foram captadas por uma câmera de circuito interno de TV. CHOCANTE!

E esse novo caso de uma estudante de medicina encontrada por pescadores no Rio Grande, em São Paulo?! O suspeito é o ex-namorado, mais uma vez. Nem vou perder mais tempo com exemplos. A internet está cheia deles.

E é aí que eu pergunto: O que está acontecendo com os homens? Não são todos, claro. Pra ser sincera, é uma mínima parte de desequilibrados que tomam decisões como estas. Mas o que mais me choca e me faz pensar é que eu nunca vi uma notícia desse calibre em que a mulher tivesse sido a autora do crime! Que será isso? Ainda somos propriedades dos homens? Meras serviçais? Escravas para sempre, sem direito a carta de alforria? Será que voltamos ao tempo das cavernas, em que os machos garantiam suas fêmeas com uma paulada na cabeça e uns puxões de cabelo (e ai daquela que ousasse recusar)?

De relacionamentos falidos o mundo está cheio, amores não correspondidos... ihhh... está assim ó! Só que, para mim, amor que machuca, que maltrata, que mata, sequestra, bate, tortura, não é amor, é doença! Infelizmente, uma doença que há poucas décadas era considerada como "defesa da honra" e, ao que parece, continua sendo considerada como tal por alguns poucos, mas que ainda causam grandes estragos. Excesso de testosterona? Desequilíbrio mental? Culpa da mãe? Falta de instrução? Criação violenta? Ahhh... as razões podem ser todas, ou nenhuma. Sinceramente, não acho que esses casos aceitam desculpas. Nem hoje, nem no tempo das cavernas.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Atenção, monógamos, cuidado!

Mais uma bomba que a BBC Brasil divulgou: “Homens polígamos vivem mais que monógamos, diz estudo - Para cientistas, continuar a ter filhos em idade avançada pode explicar fenômeno”.

Era só o que faltava! Como se não bastassem as pesquisas que comprovam que “mulheres preferem fazer compras a sexo e homens trocariam mulher por cerveja”, agora eles vêm dizer que só o fato do homem ter várias esposas (e ter filhos na terceira idade) faz com que ele viva mais. E o pior não é isso! Eles nem consideraram na pesquisa os fatores sócio-econômicos dos países analisados.

Mas, e se um desavisado perguntar: “então por que a mulher costuma viver mais do que os homens, sendo que ela enfrenta a menopausa e nem pode ter vários maridos?” Ahhh... eles respondem prontamente que é porque a mulher sofre do “efeito avó”, que faz com que as velhinhas vivam mais após a imensa alegria de verem seus netinhos crescendo. Acho que alguém devia falar isso pras minhas tias que já entraram na 4ª idade, mesmo não casando e nem tendo filhos, muito menos netos.

Outro argumento deles é que tendo mais esposas para cuidar dos polígamos, eles não estariam tão sujeitos a problemas de saúde, enquanto os monógamos, após sofrer a morte da única e solitária esposa, morrem por falta de cuidados. É... meu pai é que foi inteligente, já que se casou de novo após a morte da primeira esposa.

Ele foi mais perspicaz do que um nigeriano metido a espertinho que pode ser condenado à morte por ter 86 esposas, sendo que o máximo permitido é de 4 mulheres para cada homem. E ainda tem gente que diz que polígamo vive mais. Vai entender!

sábado, 9 de agosto de 2008

O dia em que não me formei

4 anos passaram, mas para mim ainda falta mais um. Alguns colegas conseguiram terminar o curso a tempo, e já foram para a selva do mercado de trabalho. Eu preferi adiar mais um pouco o "grande dia", mas a festa veio antes. Seria estranho formar (ou, pelo menos, festejar) com outras pessoas que não aquelas que começaram a caminhada junto a mim.
Mas o curso de Comunicação Social não é tão propício às turmas unidas, já que muito cedo, no terceiro período, começamos a traçar nossos próprios caminhos. Deve ter sido por isso que eu não tive vontade de chorar com a possibilidade de minha turma se desfazer depois da formatura. Afinal, ela nunca foi uma unidade, mas um "mosaico", como uma amiga disse. É claro que vou sentir falta de algumas pessoas da sala, das festas, mas não posso dizer que esta sensação seja a mesma que senti quando saí do Segundo Grau, para entrar para a Faculdade.
Talvez seja porque não estou formando de verdade, ou porque ainda não senti o chicote do Mercado de Trabalho estalando em minhas costas, ou ainda porque sei que mais da metade dos formandos nem terminou o curso, assim como eu. Mas uma coisa não posso negar: a sensação de me formar, mesmo de mentira, é sempre forte. É inconfundível o frio na barriga para buscar o "canudo" que, na verdade, em vez do diploma, continha dois papéis com endereços da turma e uma mensagem da comissão organizadora.
Se já me sinto madura e adulta o suficiente para ser chamada de Jornalista? Não sei. Pode ser porque realmente ainda não me joguei na fogueira da corrida pelos empregos, mas também acho que parte dessa demora para "cair a ficha" é devida à escolha obrigatória que temos que fazer logo depois que saímos do Segundo Grau. Eu só tinha 17 anos quando escolhi ser jornalista, e nem parece que o tempo passou tão rápido.




* Gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer a toda minha família pelo apoio (incluindo pais, irmão, primos e primas, madrinhas e padrinho, tias e tios, etc), ao Fábio, pelo amor, companheirismo e por tirar fotos desse momento único (hehehe); às Alines e Reginas e à minha GRANDE amiga Tati e seu namorado JJ, que têm estado sempre presentes na minha vida. Ah.. Como não tive espaço no convite, aproveito para agradecer ao pessoal da TV UFMG, que foi o melhor estágio que já fiz até hoje, tanto em termos de aprendizado, quanto nas amizades que conquistei.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Democracia? Onde?

Enquanto as notícias sobre a Operação Satiagraha minguam na mídia (dando lugar ao patriotismo patológico da aproximação das Olimpíadas), candidatos e poderosos que já ocupam os altos cargos do Governo, como o famoso Ministro do STF, Gilmar Mendes, reclamam e condenam a divulgação da lista dos candidatos com “ficha suja”, feita pela Associação dos Magistrados do Brasil (AMB).
Para o digníssimo ministro, mostrar quem são os candidatos que respondem a processo judicial “remete à Ditadura Militar” e pode influenciar negativamente os eleitores, mesmo quando o candidato (coitadinho...) não foi condenado a nenhum crime, em nenhuma instância.

Por outro lado, o cidadão que for chamado para assumir cargo público, após aprovação em concurso, não pode ter ficha policial, nem dívidas sem pagar, nem o nome no SPC, nem o CPF irregular, nem serviço militar irregular. Curioso, não?

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Poucas semanas antes, a mídia e os ricaços criticaram exaustivamente o uso das algemas e da espetacularização da cobertura midiática das prisões de Daniel Dantas, Celso Pitta e Naji Nahas. Pra pobre niguém reivindica isso! Com pé-rapado é no chinelo e na algema! Ele não tem dinheiro para pagar advogado mesmo...

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Já na história do menino João Roberto, morto por dois policiais cariocas em uma "perseguição", na qual os meganhas confundiram o carro da mãe do menino com o dos bandidos, só se falou na falta de preparo dos policiais ao atirarem sem saber quem estava dentro do carro. Ninguém da imprensa perguntou: e se fossem mesmo os bandidos dentro do carro? Os policiais estariam (seriam considerados) errados assim mesmo? A cobertura seria tão grande, com direito a levar a família das vítimas na Ana Maria Braga? Acho que não.

Ninguém se lembrou do caso em que o Sandro (Mancha), que sequestrou o ônibus 174 no Rio de Janeiro, foi assassinado por policiais dentro do camburão, sem julgamento nem nada. Em tempo: os acusados de matar o sequestrador foram absolvidos por júri popular. E assim prosseguiu a limpeza social velada e hipócrita. Direitos humanos? Que nada!

Os policiais estavam certos de matar essas pessoas, nas duas ocasiões? Não. E qual é a diferença entre eles, para que uns sejam inocentados e outros culpados? O simples fato de que os homens que mataram o menino João tiveram o "azar" (ou burrice mesmo) de terem confundido o carro com o dos bandidos, enquanto aqueles que sufocaram o sequestrador o tinham bem perto, debaixo de suas mãos e corpos, sem dúvidas do alvo.

Na hora de questionar a polícia por suas falhas, ninguém se lembra de que o pensamento da maioria - muito apoiado nas salas de cinema do filme Tropa de Elite - é de que bandido tem que morrer mesmo (bom mesmo é o BOPE). E que, no final, são eles que fazem o trabalho sujo de matar bandidos que "poluem a nossa sociedade". Se eles erram o alvo, que "vão para a fogueira"; se acertam, "não era mais que obrigação; fizeram justiça".

Mas afinal, quem são os bandidos? O pobre que roubou a bolsa da senhora, a polícia que mata sem pensar no direito à vida que todos temos, ou o rico que roubou do bolso de todos nós? Ou seriam todos? E quem é que julga o bandido? A polícia? Os engravatados de Brasília que só gostam de ver algemas nos caras de bermuda e chinelo? E por que criminosos não podem ser tratados igualmente, como bandidos que são, independentemente do peso da carteira de cada um?

Infelizmente, a cada dia que passa, vejo que a linha entre bandido e mocinho está cada vez mais tênue, principalmente quando se trata de condição social e financeira. É triste ver que, até quando a "Justiça" tenta fazer algo de bom para alertar os eleitores sobre as possíveis irregularidades e desonestidades daqueles que "representam" o povo, os graúdos (quase sempre com o rabo preso) jogam água fria e enchem a boca suja para falar "em nome da Democracia".

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A placa e o Corvette


"Homens são como contas bancárias. Sem muito dinheiro eles não geram muito interesse". Essa é a tradução da frase escrita na plaquinha da foto, que eu tirei em março deste ano na cozinha da casa da minha ex-chefe nos EUA (onde passei 3 meses trabalhando no Taco Bell, restaurante fast food de comida mexicana).

Nascida na República Tcheca, ela desenvolveu uma mente bem liberal, mesmo sendo filha de um pai militar bastante rigoroso. As atitudes tiranas dela durante o serviço devem ter sido aprendidas com ele. Mas fora do trabalho, ela se mostrava bem, digamos, saliente... Gostava de falar sobre sexo, já mostrou os seios em um restaurante e tinha fotos prá lá de provocantes (para não dizer obcenas) na internet.

Mesmo assim, não tinha namorado, não tinha amantes regulares, não tinha amigos íntimos, não tinha um amor. Aliás, tinha, porém não correspondido. Um ex-namorado que se cansou do seu jeito peculiar e a deixou. Pelo menos, ela tinha um Corvette de ano 2007, de 35 mil dólares.

Mas o carro não falava, não beijava, não a abraçava enquanto dormia, não atendia o telefone e nem enviava mensagens românticas. Também não atraía outros interesseiros de olho no dinheiro fácil, carona fácil ou na possível "fucking friend" que ela poderia ser.

E a "sábia" plaquinha seguia intacta na cozinha da morena falsa que já foi loira de verdade. Talvez ela fosse a representação real do pensamento daquela mulher, que por isso seguia sozinha. Infelizmente, ou felizmente, não havia muitos Corvettes bobos na região, e as sensatas contas recheadas nos bancos pareciam não conhecer a Miss Taco Bell. As que conheciam, sabiam demais e perdiam o interesse.

É por isso que, ao contrário dela, eu não penduro plaquinhas na minha cozinha. Afinal, carteiras, contas bancárias e Corvettes não dizem "Eu te amo".

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Direito de resposta

Freud poderia até explicar essa! Depois do post no blog do meu namorado, Fabio, falando sobre minha reação quando vi a garotinha passando mal no supermercado, fiz novamente a reflexão e resolvi bater no peito e dizer "Mea Culpa! Sim, eu sou neurótica".

Depois de uma série de traumas que incluiam crianças vomitando ao meu lado dentro de carros, acho que a neurose piorou e segue até hoje com menos força, mas ainda o suficiente para eu sentir vontade de sair correndo a qualquer sinal de alguém "ficando verde" perto de mim.

Mas uma coisa me tranquiliza. Hoje eu penso com minha cabeça de 22 anos, não-casada, sem-filhos e um pouco mimada pelos pais que ainda moram comigo, mas daqui a alguns anos tudo pode ser diferente.

Sei que o amor muda tudo. Até o fato de eu pensar assim e ter verdadeiro pavor dessas coisas nojentas. Um dia, quando eu tiver meus pimpolhos e eles passarem mal, eu sei que vou limpar e levar numa boa. Sei também que por causa desse amor vou achar meus filhos lindos e não importa quem disser ou pensar o contrário.

A prova de que isso vai acontecer? Essa é fácil. Se não fosse o amor, meus pais não teriam me aguentado tanto tempo com problemas respiratórios e alguns raros problemas digestivos durante a infância (é, eu tenho estômago forte!). Não teriam aturado minhas crises adolescentes e nem mesmo as "adultas".

Se não fosse por esse sentimento, meu próprio namorado não teria me suportado também. Se não fosse o tal amor, eu não teria aprendido a amar cada pedacinho desse mesmo namorado, inclusive os defeitos e as manias, onde eu enxergo certa graciosidade.

Se isso já acontece agora, por que não aconteceria com os seres que eu vou gerar por nove meses no futuro? Acho que Freud explica essa também.


ps: mas acho que ainda prefiro trocar a fralda.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Na boquinha da garrafa


Foi na minha estréia nas Explosion Parties, numa noite Red Carpet (sem o tapete vermelho, mas com todo mundo elegante), que eu me lembrei do quanto eu fico indignada com algumas músicas brasileiras. O videokê foi o culpado. Em uma das rodadas musicais, depois de comer uma massa “DAQUI Ó” preparada pelo Cabeça (ex-colega de TV UFMG), selecionamos sem nenhuma pretensão uma certa música cuja letra era assim:


“No samba ela me diz que rala/ no samba eu já vi ela quebrar/ no samba ela gostou do rala-rala, me trocou pela garrafa, não ‘guentou’ e foi ralar/ vai ralando na boquinha da garrafa”


Foi uma gargalhada geral. Todos concordaram que essa letra era ridícula, não só pelos erros gramaticais (que nem percebemos na hora), mas pelo teor sexual da coisa. Claro que já havíamos notado isso antes, mas nessa hora, nós simplesmente paramos para refletir o absurdo que era falado na “maior inocência” há alguns anos.

Era com essa inocência que eu (e todas as minhas amigas) dançava na boquinha da garrafa, a dança do maxixe (“um homem no meio com duas mulheres fazendo sanduíche”), e até mesmo a do “pinto do meu pai que fugiu com a galinha da vizinha”.


Putz! Eu gostava da música do “põe-põe-põe me fazendo enlouquecer”! E sabia toda a coreografia da Melô do Tchan, que fala que “tudo que é perfeito a gente pega pelo braço, joga lá no meio, mete em cima, mete em baixo”, e o pior: “depois de nove meses você o resultado”. Incrível como durante muito tempo eu nunca tinha reparado nas letras, e nem na coreografia das músicas. Mas o que devemos esperar de crianças que assistem o concurso da loira e da morena do Tchan no Faustão?


Hoje eu sinto um quê de vergonha em relembrar isso e até dou certa razão pelo meu pai nunca ter me deixado dançar na frente dele (era o que ele podia fazer para me poupar). Eu treinava os passos das danças na casa da vizinha, que tinha os CDs mais completos. Não era culpa nossa, a gente nem entendia o que era falado. O pior é lembrar o Gugu Liberato levando uma menininha de uns 5 anos vestida de Carla Pérez para dançar. Isso sim é exploração.


Mas não era só o Axé que fazia essas letras bizarras. Os venerados Mamonas Assassinas zombavam da cara dos axezeiros, roqueiros, pagodeiros, usando tudo muito sexual e ninguém dava a mínima pra isso (até hoje nem reparam). Não faz muito tempo que eu finalmente entendi o sentido de “comer tatu é bom, que pena que dá dor nas costas/ porque o bicho é baixinho e é por isso que eu prefiro as cabritas”. Caramba, essa demorou mesmo! E eu fiquei impressionada DE NOVO!


Quando meu namorado, Fábio, leu para mim algumas músicas de um CD dos Raimundos que ele costumava ouvir quando adolescente, eu só não caí pra trás porque estava deitada. Essas estavam para competir com todas as de axé e podiam até ganhar!


E mesmo assim eles eram chamados com todo carinho de “os meninos do Raimundos” pelas patricinhas da Capricho. Será que elas também nunca tinham reparado em como eles falavam da mulher, ou a venda é muito mais importante do que fazer as adolescentes pensarem que “dar fora” nos pretendentes não é a única forma de se respeitar? Eu nunca tinha ouvindo mais de uma música deles inteira, mas depois de perceber as letras das outras, fiquei aliviada por isso. Quem fala de nós como sendo quase prostitutas não merece minha audiência.


Infelizmente, hoje a situação não está muito diferente. O que mudou foi só o estilo musical. Agora são os funks que tomaram conta. "Vai Serginho" e aquele outro do "67, patinete, abre as perna e a gente..." são, para mim, os piores de todos os famosos (não estou nem falando daqueles funks “proibidos” que parecem narrar filmes pornôs).


Ao contrário de quando eu tinha 7 anos, eu não danço mais essas músicas. Não por não gostar de dançar, mas pro protesto. Até danço funk, mas se começa com letras desse tipo, eu paro, como se não estivesse ouvindo nada e não houvesse motivo para dançar. Escolha minha. Talvez pelos meus pensamentos cada vez mais feministas (que abominam essas manifestações que colocam a mulher em uma posição de objeto sexual), talvez pela minha preferência por músicas que me fazem pensar. E se não me fazem pensar, que pelo menos não me dêem vergonha. Acho que amadureci.

sábado, 5 de julho de 2008

O guardanapo

O dente amanheceu doendo. Mastigar e falar era quase tortura. O famoso siso, que havia nascido pela metade anos antes, resolveu dar as caras assim, da noite pro dia. Foi como aquela idéia que vem do nada e lateja até decisão definitiva, mas com um incômodo físico e real. Foi como o pelinho que nasceu logo depois da depilação que custou 40 reais, como a espinha dos tempos adolescentes.
Até o amor é assim. Um belo dia, sem que a gente perceba de onde ele veio, a gente acorda e pensa naquela pessoa com uma ternura estranha, uma dorzinha no coração. É estranho pensar que aquilo já estava lá, mas sim, estava escondido sob a pele.

***
O dente continuou incomodando, e a dentista foi marcada às pressas.
“Vai ter que extrair! E não só o que está doendo, mas o outro também, senão pode prejudicar o resto da arcada”, sentenciou.
Já na cadeira em posição horizontal, as primeiras pontadas de anestesia foram dadas e os poros das mãos liberando um suor frio, que dois minutos atrás não parecia existir. Foi providencial o guardanapo que ela entregou à paciente pouco antes do processo começar.
No início pareceu despropositado, mas logo depois o inocente papel mostrou a quê veio. Na falta de uma mão amiga para segurar, o guardanapo foi o ponto de apoio, o que absorveu o suor, evitou as mordidas inesperadas e os solavancos.
Depois de vinte minutos de luta contra a raiz incrustada no osso e na gengiva, ele (o dente do juízo) cede, grande, cheio de sangue. A dor não veio, só a sensação de alívio. A anestesia fez efeito. Mas ela não jogou fora o guardanapo.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Por um chão mais limpo!


Eu detesto cigarro! Não só pela fumaça, pelo cheiro que fica na roupa e no cabelo e nem apenas pelas crises de dor de garganta e rinite que tenho quando eu fico perto de quem está fumando. Mas outro fator negativo entrou na minha lista anti-tabagista logo depois de eu perceber que os fumantes, não contentes em poluir o ar, também têm o costume de sujar o chão por onde passam.

Talvez lixeira e “bituca de cigarro” devam se repelir. Infelizmente, essa não é a explicação para que a maioria das “chaminés” jogue os restos mortais do fumo no chão, mesmo quando o cesto de lixo ou o cinzeiro estão ali ao lado. O mais impressionante é que eu já vi gente super inteligente e esclarecida cometendo essa gafe. Será que ninguém nunca parou pra pensar nesse detalhe?

É por isso que hoje eu lanço um movimento não só para acabar com o fumo, mas também para que quem não consegue largar o vício passe a ser mais educado e aprenda que ponta de cigarro também é lixo e que alguém (que certamente não é o fumante) vai ter que limpar essa sujeira desnecessária! E o pior: se ninguém limpar, aquele "pequeno" dejeto vai demorar 10 ANOS para se decompor!

A Organização Mundial de Saúde indica que mais ou menos 1,2 bilhões pessoas no mundo têm o hábito de fumar. E o Brasil está entre os 10 países com a maior população fumante. Nenhum orgulho disso! Imagina se cada um resolve jogar pelo menos uma bituca no chão por dia (tenho certeza que é bem mais do que essa quantidade). Haja pulmão e piso pra limpar, né?!

Todo mundo sabe que fumar é prejudicial à saúde, tanto de quem fuma, quanto de quem convive com essas pessoas. O que falta agora é a conscientização de que não só o ar e os pulmões dos outros devem ser respeitados, mas também a limpeza do chão e do ambiente.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

De novo Ronaldo!


Não querendo dar mais ibope pro Ronaldo (Fenômeno) depois dos travecos, mas já dando... Saiu hoje na Folha Online que ele vetou a distribuição de um filme pornô de sua ex, Viviane Brunieri, com um cara que se diz sósia dele.

Sem falso moralismo, puritanismo ou qualquer outro tipo de "ismo", eu acho que ele teve toda razão! Não porque acho meio estranho o fato de uma antiga namorada entrar pra carreira "promissora" de filmes pornô, nem por pensar que ele pode estar com ciúmes, mas por ela estar parasitando o nome dele (sem autorização, claro) pra ganhar dinheiro com esses filmes.

Se ela quer fazer filme pornô ou rodar bolsinha na Guaicurus, a vida é dela mesmo! Mas usar a fama e a imagem do Ronaldo só para ser lembrada e alguns tarados verem o filminho dela e imaginarem como foi com o jogador, aí já é demais!!! Já basta ela e outras sangue-sugas usarem o apelido de "Ronaldinhas" e já terem aparecido nessas revistas masculinas.

(a notícia completa: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u416903.shtml)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Teste da paciência!

Você beija bem? É ciumenta? Qual seu grau de sensualidade? Ele está afim de você? Vocês vão ser felizes para sempre? E por aí vai.... É uma ladainha só, que sempre se repete nos testes de personalidade e comportamento que a gente vê em tudo que é revista de “mulherzinha”. E eu cansei! Cansei de achar que só porque uso calça jeans e blusinha pra sair, sou “pessoa de baixo impacto”. Estou de saco cheio de ler que só porque eu não levo café na cama pro meu amor e ele não massageia meus pés, nós não fomos feitos um pro outro.

Durante boa parte da minha adolescência eu fiz estes tais testes, achando que ia encontrar a resposta pronta para minha vida. Eu pensava assim “bom, o teste da revista X falou que ele está afim, logo nós fazemos o par perfeito”. Santa ignorância! E eu me iludia, achava que um grupo de perguntas óbvias poderia dizer se eu beijo bem ou se eu sou pra casar.

Muita coisa até que deu certo: sim, eu sou boa filha, eu e meu namorado nos amamos, sou fiel e eu tenho personalidade forte. Mas teve muita bola fora! Erraram feio quando disseram que eu era do tipo aventureiro, que topa qualquer programa de índio; quando falaram que estava rolando um clima entre mim e o talzinho dos tempos de colégio; e pisaram na bola quando disseram que eu não sou ciumenta.

E aí que vem a questão: quem pode realmente dizer tudo isso não é uma revista ou um site qualquer, mas nós mesmos, e olhe lá! Qualquer pessoa com um mínimo de imaginação do que é “desejável” ou não num certo padrão de personalidade pode forjar um teste destes de olhos fechados. Para que? Simplesmente para se sentir melhor quando se olhar no espelho e “ver” uma tarja na testa de “beijo bom, aprovado pelo InMETRO”, ou então “a mais popular da sala, todo mundo quer seu amigo, PARABÉNS!”.

Pelamordideus! Gente, se quer aumentar a auto-estima, ver o que os outros pensam de você, é muito melhor e mais seguro perguntar pros seus amigos, seu namorado ou pra si mesmo. Só não deixe se iludir com um rótulo de revista, que nunca te viu, te tocou e nunca perguntou realmente “O que você pensa?”.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Só para refletir*

Há pessoas que marcam a gente. Não só pelo que já fizeram, ou pelas relações que tivemos, mas apenas por sua existência. Ele foi assim. Paixão de todas as meninas da 4ª série, foi uma lástima quando a turma se separou e ele passou pra outro colégio. Um garoto amável, bem humorado, inteligente, promissor. Ele cresceu, entrou pra faculdade e arrumou namorada. Fazia cinco anos que não o via.

Hoje, a notícia: “Acidente de trânsito mata universitário em BH”. E aí, vem a pergunta: porque? Como é possível que um automóvel possa virar uma arma letal?! Seria este o “câncer” da faixa dos 20 anos de idade? Ele não foi o único conhecido meu que faleceu recentemente de forma trágica assim, mas o que me entristece mais é o fato de saber que uma vida inteira se perdeu, num segundo.


Ver um jovem saudável perder a vida deste jeito me faz pensar em muitas coisas... Talvez aquela “filosofia de buteco” de que a gente deve dizer pras pessoas que as ama sempre, pois nunca sabemos o dia de amanhã, seja verdade. Eu não o amava, na verdade nem éramos amigos, mas de alguma forma ele foi uma pessoa de quem eu sempre me lembrava quando pensava nos meus áureos tempos da 4ª série.


Ver os recados dos amigos dele no orkut me fez pensar que muitas vezes não demonstramos nossos sentimentos por medo de magoar ou sermos magoados. E às vezes nem é por isso, mas simplesmente por não nos lembrarmos, por não termos tempo. Infelizmente, não dizer isso na hora certa é o que NOS magoa mais! E como!!! Nunca sabemos quando vai ser a última palavra, a última conversa, o último beijo, o último abraço.


*Inicialmente este texto nem tinha título. Foi fruto de um desabafo diante de uma notícia triste. A data que escrevi foi 02/05/08.