terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Baseado em fatos reais


“- Minha senhora, não sabe que todo filme de amor acaba em beijo?
- Eu sei. Mas já acendeu a luz do cinema e agora vai começar a minha vida.”

Este diálogo apareceu no filme brasileiro Lisbela e o Prisioneiro, mas no nosso caso, a luz do cinema sempre esteve acesa. Vivemos num mundo real, concreto e, nem sempre, com final feliz. Quando o filme acaba, nós, pobres mortais, vamos para casa um pouco mais esperançosos ou, o mais provável, um pouco mais deprimidos. E não é que neste mês saiu uma pesquisa dizendo que comédias românticas prejudicam a vida afetiva?! A primeira coisa que me veio à cabeça foi: “mas isso eu já sabia”.

Pensa comigo... Qual mulher nunca sentiu uma pontinha de inveja da Lucy (Drew Barrymore) por ser conquistada todos os dias em Como se fosse a primeira vez?! Ou sonhou encontrar a alma gêmea na internet, como em Mensagem para você? Ou ainda receber uma declaração de amor, acompanhada de buquê de flores e subida perigosa pela escada de incêndio como em Uma linda mulher? Talvez uma serenata com guitarra mal tocada ao som de Bom Jovi, que nem era o seu favorito, mas que ele aprendeu só por sua causa?! E claro que não pode faltar a foto dos dois abraçadinhos, pelados sob a luz do luar, como em De repente é amor?

Os exemplos são para todos os gostos e as declarações desses longas metragens colocam todas as cartas de namorados, maridos, paqueras, etc, no chinelo. Por que será que os homens dos filmes são tão mais sensíveis e apaixonados? E por que os da vida real são tão fechados e ainda olham para mulheres bonitas na rua enquanto a gente está distraída?! Mesmo sabendo que ficção é ficção, fica difícil não comparar. É por isso que a pesquisa faz sentido.

Tudo bem que a função do cinema pode ser exatamente servir como elemento de fantasia, para experimentar uma nova realidade, mas estabelecer parâmetros com base nesse mundo imaginário é perda de tempo e ainda faz a gente correr o risco de deixar passar muitas cenas legais do melhor filme do momento: o da vida real. Então o melhor a fazer é deixar a fita rodar, colocar a trilha sonora, esquecer o roteiro clichê e improvisar o protagonista. Esse filme a gente não pode perder.