quarta-feira, 23 de julho de 2008

A placa e o Corvette


"Homens são como contas bancárias. Sem muito dinheiro eles não geram muito interesse". Essa é a tradução da frase escrita na plaquinha da foto, que eu tirei em março deste ano na cozinha da casa da minha ex-chefe nos EUA (onde passei 3 meses trabalhando no Taco Bell, restaurante fast food de comida mexicana).

Nascida na República Tcheca, ela desenvolveu uma mente bem liberal, mesmo sendo filha de um pai militar bastante rigoroso. As atitudes tiranas dela durante o serviço devem ter sido aprendidas com ele. Mas fora do trabalho, ela se mostrava bem, digamos, saliente... Gostava de falar sobre sexo, já mostrou os seios em um restaurante e tinha fotos prá lá de provocantes (para não dizer obcenas) na internet.

Mesmo assim, não tinha namorado, não tinha amantes regulares, não tinha amigos íntimos, não tinha um amor. Aliás, tinha, porém não correspondido. Um ex-namorado que se cansou do seu jeito peculiar e a deixou. Pelo menos, ela tinha um Corvette de ano 2007, de 35 mil dólares.

Mas o carro não falava, não beijava, não a abraçava enquanto dormia, não atendia o telefone e nem enviava mensagens românticas. Também não atraía outros interesseiros de olho no dinheiro fácil, carona fácil ou na possível "fucking friend" que ela poderia ser.

E a "sábia" plaquinha seguia intacta na cozinha da morena falsa que já foi loira de verdade. Talvez ela fosse a representação real do pensamento daquela mulher, que por isso seguia sozinha. Infelizmente, ou felizmente, não havia muitos Corvettes bobos na região, e as sensatas contas recheadas nos bancos pareciam não conhecer a Miss Taco Bell. As que conheciam, sabiam demais e perdiam o interesse.

É por isso que, ao contrário dela, eu não penduro plaquinhas na minha cozinha. Afinal, carteiras, contas bancárias e Corvettes não dizem "Eu te amo".

5 comentários:

  1. Eu vi uma ótima sobre traição, em um filme lindo, "o banco do amor cobra caro se você fizer o depósito em outra conta" (Um homem de família)

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  2. ohahoaoa às vezes eu prefiro um corvette 2007 a declarações inesperadas.

    é o mundo capitalista em q vivemos, lu...

    no momento eu me esforço pra ter os dois.

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  3. Que materialista vc, Otávio!! hehehe

    Ru, essa frase é muito legal mesmo!!! Os juros não valem a pena!

    bjão!

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  4. Ai, que vida triste dessa pessoa... E quem me apóia é o poeta, que sabiamente afirmou que "é impossível ser feliz sozinho".
    Fico brincando com o Namo que ele é meu investimento a longo prazo. Comecei a namorá-lo e nenhum dos dois tinha grana pra nada. Hoje em dia, eu ainda sou escreviária, mas ele já é um personal trainer formado que até paga jantares pra mim! Sempre acreditei no potencial dele... hauhauhauhau

    Brincadeiras à parte, se eu pensasse desse jeito da plaquinha, não namoraria ainda o mesmo cara que me esperou 8 meses enquanto eu estava na Europa...

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  5. como testemunha das cenas relatadas e como vítima dos maus tratos da tirana, bato o pé e digo: é tudo verdade! a humilhação que esse louco ser tcheco nos fez passar não está escrito. trabalhar sob constantes gritos e ameaças, xingos em frente a clientes, além de clientes sendo xingados... Voltar todo dia pra casa arrasado, com a maior dúvida na cabeça pra saber se sair do Brasil não tinha sido o maior erro que cometemos.. tudo por causa de uma mulher que nem é dona do restaurante, mas que tem o poder pra mandar. tsc tsc. É preciso saber ser chefe para ser chefe. É preciso ter um mínimo de humanidade pra lidar com humanos. Ah, Lu, "chop,chop,chop!"

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